ORAÇÃO E PROVAÇÃO

Podem as preces, que por nós mesmos fizermos mudar a natureza das nossas provas e desviar-lhes o curso?

  • Vossas provas estão nas mãos de Deus e algumas há que têm de ser suportadas até ao fim, mas Deus sempre leva em conta a resignação.
  • A prece traz para junto de vós os bons Espíritos e, dando-vos estes a força de suportá-las corajosamente, menos rudes elas vos parecem.
  • Temos dito que a prece nunca é inútil, quando bem feita, porque fortalece aquele que ora, o que já constitui grande resultado.
  • Ajuda-te a ti mesmo e o céu te ajudará, bem o sabes.
  • Demais, não é possível que Deus mude a ordem da natureza ao sabor de cada um, porquanto o que, do vosso ponto de vista mesquinho e do da vossa vida efêmera, vos parece um grande mal é quase sempre um grande bem na ordem geral do Universo.
  • Além disso, de quantos males não se constitui o homem o próprio autor, pela sua imprevidência ou pelas suas faltas?
  • Ele é punido naquilo em que pecou.
  • Todavia, as súplicas justas são atendidas mais vezes do que supondes.
  • Julgais de ordinário, que Deus não vos ouviu, porque não fez a vosso favor um milagre, enquanto que vos assiste por meios tão naturais que vos parecem obra do acaso ou da força das coisas.
  • Muitas vezes também, as mais das vezes mesmo, ele vos sugere a idéia que vos fará sair da dificuldade pelo vosso próprio esforço.

(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 663, Da Lei de Adoração, A Prece)

O que diz Emmanuel:

A oração não suprime, de imediato, os quadros da provação, mas renova-nos o espírito, a fim de que venhamos a sublimá-los ou removê-los.

Repara o caminho que a névoa amortalha, quando a noite escura te distancia do Sol.

Em cima, nuvens extensas furtam-te aos olhos o painel das estrelas e, em baixo, espinheiros e precipícios ameaçam-te os pés.

Debalde, consultarás a bússola que a treva densa embacia.

Se avanças, é possível te arrojes na lama de covas escancaradas; se paras, é provável padeças o assalto de traiçoeiros animais…

Faze, porém, pequenina luz, e tudo se modifica.

O charco não perde a feição de pântano e a pedra mantém-se por desafio que te adverte na estrada; entretanto, podendo ver, surgirás, transformado e seguro, para seguir à frente, vencendo as armadilhas da sombra e as aperturas da marcha.

Assim, também, é a oração nos trilhos da experiência.

Quando a dor te entenebrece os horizontes da alma, subtraindo-te a serenidade e a alegria, tudo parece escuridão envolvente e derrota irremediável, induzindo-te ao desânimo e insuflando-te o desespero; todavia, se acendes no coração leve flama da prece, fios imponderáveis de confiança ligam-te o ser à Providência Divina.

Exteriormente, em torno, o sofrimento não se desfaz da catadura¹ sombria; a morte, ainda e sempre, é o véu de dolorosa separação; a prova é o mesmo teste inquietante e o golpe da expiação continua sendo a luta difícil e inevitável, mas estarás, em ti próprio, plenamente refeito, no imo das próprias forças, com a visão espiritual iluminada por dentro, a fim de que compreendas, acima das tuas dores, o plano sábio da vida, que te ergue dos labirintos do mundo à bênção do amor de Deus.

(Religião dos Espíritos, cap. 33 Emmanuel, psicografia de Chico Xavier.)

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